sábado, 26 de novembro de 2011

ALICE E OS MUNDOS

O mundo dos remedinhos

Tomo-os automaticamente nos dias de calmaria como se tomasse um comprimido de vitamina C. Às vezes agradeço a eles minhas melhoras, momentos de calmaria, de consciência. Mas nos dias em que tudo parece estar fora do lugar, questiono seu porquê e qual barreira vai finalmente me segurar. E ainda mais estranhos são aqueles em tudo está em seu lugar e sinto um mar revolto dentro de mim , tomo o primeiro comprimido do dia meio incrédula porque sei que isso não vai passar, pelo menos não hoje. Esse furacão que me atordoa, muito além do meu velho hábito de balançar as penas inquietas ou mecher meus dedos... aquilo que está aqui dentro , invisível aos olhos alheios, uma vontade de ficar invisível, parar o tempo e brincar com ele enquanto todos observam inertes , estáticos ... ou sair voando por aí como se nada importasse , nem mesmo a gravidade que fatalmente me faria cair. Tenho vontade de engolir a vida em grandes goles como esses comprimidos que tomo, mas ás vezes quero para-la um pouco para ouvir meus pensamentos... e se esses pudessem me dar uma tregua , poderia ouvi-los um por um , etiqueta-los , classifica-los , guardar alguns sentimentos em frascos contidos para serem usados na medida e na hora certa. Mas tudo isso se tornaria tão chato ... o fato de não poder controlar os tornados faz as pessoas mais fascinantes e imprevisíveis e até mesmo capazes de descobrir tantas coisas. O mundo é interessante do jeito que é , principalmente visto de uma lupa. Os remedinhos, esses, não sei onde aplica-los, pois muitas vezes meu coração tá tão contraído que parece estar do tamanho de uma ervilha ou tão grande como uma bola de futebol , empurando os outros órgãos. Mas meu controle diante dos outros talvez se aplique a eles, também sinto que os furacões diminuiram de frequencia . Parece que o meu Inverno se tornou uma espécie de fim de Inverno, talvez o começo da Primavera, como também não podemos dizer que o Inverno seja de um todo mau , tem aquele friozinho gostoso, o barulho da chuva , o cheiro da terra molhada , enfim , como tudo seus vários lados. Entretanto , eu , Alice , espero estar no caminho certo para aprender a viver, independente dos remedinhos, independente de Estação, nos dois mundos  : O Real e o das Maravilhas.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ALICE E FERNANDO PESSOA

Como gostaria de viver no mundo das palavras... 


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos..
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

(Fernando Pessoa)

sábado, 19 de novembro de 2011

ALICE NO MUNDO REAL

Problema do mundo real : falta de espaço

O mundo Real é cheio de obstáculos. Bem clichê , não? Nem tanto , porque estou falando de TDAH , e não é dos obstáculos abstratos da vida que me refiro e sim dos obstáculos físicos , que encontramos nas ruas , em cadeiras apertadas em salas de aula , coisas desse tipo. Alice , não tô entendendo nada. Nem eu até um tempo atrás. Eu sou do tipo desastrada, aquela que sempre esbarra em todo mundo, derruba coisas , deixa um rastro por onde passa , sempre escolhe o caminho mais difícil para chegar a algum lugar e quando chega tem a medida exata de como fez rodeios pois sempre tem um caminho tão mais livre do outro lado. Numa abstração de criança diria eu que tenho uma enorme calda de dinossauro invisível , e tentáculos enormes que se movem involuntariamente de um lado para o outro e no meio da testa um olho só. Numa explicação mais séria e científica eu diria que eu , como muitos TDAHs , tenho problema de lateralidade. Descer uma parada antes da casa de uma amiga que você sempre visita é bem normal , se isso não acontecesse várias vezes , aí passa a ser cômico. Viver topando na rua (coitadas das minhas sandálias, bom pra aquele velho rabujento , o sapateiro do meu bairro). E aquele "ei, tia , joga a bola ai!!!" . Terrível , pois por mais que eu mire pra onde eu quero que ela vá , a bola sempre vai pro lugar mas inimaginável da face da terra!!! incrível!!! Meus amigos ? os meus bons amigos morrem de rir , dizem que é meu jeitão de ser , alguns até acham um charme . Fico feliz em tê-los ao meu lado , pois , acredite em muitas outras coisas sou como os outros , pois também pertenço a Raça Humana , embora muitas vezes eu mesma duvido quando lembro da calda de dinossauro e meus poderes de monstro do "Mundo Subterrâneo".