domingo, 7 de dezembro de 2014

A ALICE DE VERDADE


"17. Sou um pouco melindrosa. Algumas coisas que me dizem causam um impacto maior do que deveria , principalmente as críticas, mesmo que eu saiba que faz parte do processo." Do post "25 coisas sobre Alice"


Nunca imaginei encarando certos desafios. Um deles é que , apesar de nunca ter me visto como uma líder, estou gerenciando uma equipe no meu novo trabalho. Aceitei o desafio com um pouco de medo, confesso.Mas aqui estou eu, a frente de um desafio que poucos aceitaram.  Essa é uma das razões do meu afastamento, estou expurgando meus próprios demônios e o dos outros também. Nunca pensei que fosse capaz de liderar pessoas. Essa tarefa é árdua, nunca somos compreendidos, nem retribuídos e sempre recebidos com muitas críticas. Pra uma Alice com uma imagem embaçada , onde os espelhos confundem os rumos, é bastante complicado. Os ruídos atrapalham os pensamentos e os coelhos brancos de casaca tendem em aparecer nas horas mais impróprias. É muito cansativo e desgastante, mas preciso fazer isso pelo Pais das Maravilhas. Preciso mostrar que posso e que consigo jogar também. Afinal de contas , não adianta mais me esconder atrás dos meus melindres , das minhas cobranças e de universos paralelos. Eu tenho déficit de atenção, e daí? Sou capaz de compreender mais do que muita gente, pois já fui tão incompreendida. Sou capaz de realizar tarefas, mesmo que alguém tenha que me lembrar de coisas bobas, pois não vivemos isolados e quem nunca esqueceu as chaves de casa? Não somos impossibilitados, não somos deficientes . Somos diferentes entre si, temos falhas , com ou sem TDAH.

 Ineficientes ou não . Gênios ou monstros. Capazes ou não. tudo isso depende de nós mesmos. Um Transtorno não me determina, nem me limita, apenas me caracteriza como a cor dos meus olhos. Repito, repito e repito as críticas na minha mente incansavelmente  ? sim. Sou melindrosa em muitas situações ? sim, sou. Mas tenho consciência de que críticas fazem parte do processo. Angustio-me , perco noites de sono e me consulto com um psiquiatra e pronto. Também penso, reflito e esqueço ou aprendo . E assim vou vivendo e amadurecendo como cada ser desse planeta que tenha consciência. Alice pode ser o que quiser mas sempre será a Alice de verdade pois esse sonho é seu, oras. 

terça-feira, 17 de junho de 2014

EXAGERADA SIM, E SEM FOCO.

16. "Exagerada, jogada aos teus pés , eu sou mesmo exagerada..." Já dizia Cazuza quando compôs essa música para mim mesmo sem saber. Tenho tendência a fazer tempestades em copos dágua e depois ver que não era para tanto mas aí , já foi." Do post "25 coisas sobre Alice".


Dor, silêncio profundo, saltos megalomaníacos, quedas memoráreis. Não traria 1000 rosas roubadas  e nem muito menos poderia pintar todas de vermelho porque não teria paciência para tanto (mesmo que vontade não me falte)... exagerada sim, mas sem foco. Essa sou eu: sangrando, jorrando litros de sangue por segundo com gargalhadas loucas por um simples copo d'água. Exagerada ao chorar, ao imaginar, ao planejar, ao procrastinar...  executar várias cenas pro mesmo fim e muitas vezes não chegar a qualquer um deles. Sentir tanto de si mesma e embriagar-se de qualquer coisa. Qualquer coisa que se sinta, que preencha qualquer minúsculo espaço. Como gostaria de me esvaziar um pouco, pois o silêncio nunca é o silêncio. Preciso estar deliberadamente apaixonada ( paixão cruel ,desenfreada), nem que seja por um instante e este momento pareça ser eterno como um poema. Mas quando ele acaba , sempre caio num abismo sem fundo. E nem adianta "Mendigar, roubar, matar... pra mim é tudo ou nunca mais". Exagerada sim e hiperativa. Preciso sempre de vários projetos, faço listas tentando silenciar minha mente. Não consigo parar o trafego de ideias, de fantasias, de sentimentos... esses que não me deixam aprender que apenas sonhar não é suficiente para realizar a ação. Ter vontade, desejar , não significa necessariamente fazer e conquistar. O mundo real é cheio de armadilhas para quem não pisa no chão e tenta voar sem asas. E não adianta pensar em coisas boas, não dá certo aqui, eu já tentei várias vezes.  

sábado, 10 de maio de 2014

UM RETORNO? UM RECOMEÇO? EU NÃO SEI.

Primeiramente gostaria de mais uma vez me desculpar pelo longo período de ausência. Sei que para alguns amigos , isso é normal de mim , mas vocês certamente não sabem. Escrevo quando estou feliz, quando estou triste também. Comecei a escrever nesse Blog porque senti a necessidade de me expressar, desabafar e trocar experiências e ideias quando fui diagnosticada com TDAH. Quis ajudar e procurar ajuda, e me encontrei em muitos de vocês. Tudo passava a fazer sentido , tudo se encaixava perfeitamente, tinha algumas respostas para meus questionamentos de sempre e me senti, muitas vezes acolhidas quando estava em crise. Mas a vida tem dessas coisas... ás vezes rebemos uma rasteira e a queda é maior que o peso de nosso corpo. Recentemente, perdi uma amiga, melhor dizendo, uma irmã  muito querida. Há mais de um ano que ela lutava contra um câncer , já em estado terminal quando foi diagnosticado e aí , tive meus momentos de luto, dor, raiva, negação e na maioria das vezes, apatia. De uns dois anos pra cá muita coisa vem acontecendo ao mesmo tempo. Não consigo acompanhar o ritmo deles. estão girando na minha cabeça como um tornado. No fim de 2013 , minha amiga se foi . No início , um alívio pelo fim de seu sofrimento. Mas agora , a saudade só aumenta. Tenho tido momentos muito difíceis, pois concomitantemente tive que mudar de cidade, mudar de emprego, ficar longe da família e dos amigos e tem sido bem complicado conciliar tudo. Às vezes tenho vontade de sumir, desaparecer; outras apenas renasço das cinzas. Um dia de cada vez , como dizem. Continuo lutando contra a depressão que voltou a me assombrar, aos meus dilemas de TDAH e as adversidade da vida. Alice ainda vive no mundo real e tem evitado se aventurar no País das Maravilhas. Talvez seja mortal para ela visitar esse Mundo instável e desafiador e ela se esconde atrás da porta. Sua essência continua lá , mas sua alma está cansada no momento, esperando que as feridas possam começar a cicatrizar com o tempo , que muitas vezes lutam contra e outras ao nosso favor. Depende de quem está segurando o relógio. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

DRINK ME

"15. Por falar em bares , minha bebida preferida é a vodka. Não curto ficar embriagada mas gosto de beber com amigos e de preferência comendo um bom tira-gosto. Nesses momentos fico mais leve e descontraída." Do post 25 coisas sobre Alice. 

Momentos bons regados de vodca dão o que falar... E quando não se precisa de bebidas para isso? Muitas vezes me achei no epicentro do incômodo, sem poder usar o álcool como desculpa. Pelo contrário, no início, ele parece ser a solução para a falta de adequação, a insegurança, a inibição. Sinto-me mais leve , mais sólida , menos amarrada pelos meus medos inconscientes. E nessa armadilha muitos TDAs se perdem no mundo das drogas. A incidência de dependentes químicos que descobrem que tem o Transtorno é enorme pois , na verdade, além de procurar ocupar o vago ou esvaziar o tumulto, ou até mesmo se automedicar , eles acabam mergulhando num caminho de destruição e dor ainda maior. Nós sentimos e queremos demais tudo agora mesmo e as drogas deixam a sensação de que podemos tudo. Sempre tive muita sorte em ter tido uma boa estrutura familiar para me dar o suporte que precisava, mas infelizmente, algumas pessoas caem nessa armadilha tão sedutora. Talvez tenha sido também pelo fato de eu ter tido um pai alcoólatra que me serviu de exemplo para o que eu não queria ser, mas o fato é que o álcool não me enche os olhos. Gosto de beber uns drinks com bons tira-gostos e boas companhias. Gosto de cozinhar ao som de uma boa música e curtir o dia sem passar mal no outro dia , mas devo confessar que nem sempre tenho esse controle, assim como em muitas outras coisas. A relação com a bebida sempre foi a de usá-la e  não o contrário. Mas admito que, principalmente pra quem é Alice, é um flerte perigoso demais para quem já não tem os pés presos no Planeta Terra.