terça-feira, 29 de setembro de 2015

ANSIEDADE: O CAOS DE UMA MENTE QUE NUNCA PÁRA.

19. Sou um pessoa bem ansiosa. Isso já me custou muita dor de cabeça e sofrimento. Hoje tento controlar mas é bem difícil. Do post "25 coisas sobre Alice"

O Caos. Isso definiria bem a minha mente. Viver a vida dentro da minha cabeça é no mínimo uma montanha russa desgovernada. Não sei se isso é normal pois não vivo dentro das cabeças alheias, adoraria visitar algumas delas um dia, mas o que me sobra é um trecho de uma música de Caetano Veloso que diz que "de perto ninguém é normal". De dentro deve ser menos ainda. Uma coisa que a maturidade nos dá é a sabedoria de calar-se diante de certas coisas como, por exemplo, me autodeclarar hiperativa e desatenta. Já ouvi muitas pessoas dizerem : "Mas nem parece, será que eu também sou?" . Nessa hora fico na dúvida entre gargalhar ou cair no choro , então reservei essa parte da vida para uma restrita lista de pessoas inevitáveis , profissionais da área e meus poucos e valorosos leitores que ainda tenham a paciência com a minha inconstante e pouca produtividade. Hoje , tive uma dia como muitos iguais que posso chamar de "dia da procrastinação intensa". Não fiz nada o dia todo , tendo mil coisas pra fazer e resolver. No fim , me sinto péssima, improdutiva, preguiçosa e o pior : me olho no espelho e vejo uma Alice paralisada pela ansiedade e pelo movimento da sua mente, com uma cobertura densa de inércia. Sei o que preciso fazer mas , algumas vezes, não consigo forças para realizar e vou adiando, como se o mundo fosse esperar, mas ele continua girando e os dias passam e as coisas passam . Às vezes consigo pegar o trem em movimento mas outras, perco o tempo, o trem , e as coisas continuam a acontecer. Nessas horas em que perco o tempo, um certo coelho vestido com uma casaca elegante me repreende com o relógio na mão. É nessa hora que choro um lago inteiro ou apenas me calo e sento num banco para esperar um outro trem. Mas o que esperava por mim no outro trem que perdi provavelmente nunca irei saber. O fato é o caos está aqui dentro sempre, observando tranquilo minha corrida de obstáculos contra o tempo.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

ALICE E OS MEDOS ATRÁS DO ESPELHO

18. Tenho um verdadeiro pavor de baratas, principalmente as voadoras, mas geralmente não costumo ter medo de nada. As baratas sentem isso e aproveitam para me aterrorizar. Já fui dormir mais cedo porque tinha uma barata na sala e estava sozinha em casa.  Do post "25 coisas sobre Alice".


Costumo dizer que não tenho medo de nada, apenas de baratas voadoras e de pessoas. O primeiro, acho que não é bem um medo, mas uma fobia, asco... sei lá. Isso permeia entre um instinto absolutamente estúpido de imaginar que aquela criaturinha asquerosa sabe do meu pavor , pois se existem mil pessoas no recinto, vai ser a mim que ela vai perseguir. Poderia contar inúmeras situações ridículas sobre isso, mas prefiro me ater ao meu segundo medo: as pessoas. Esse também não é exatamente um medo, é como uma cicatriz. Sem muito "mimimi", o fato é que quem sofrem desse transtorno , geralmente, tiveram um histórico de vida complicado, cheio de frustrações, culpas, fracassos, intolerância e muitas vezes , uma imagem invertida de si mesmo, principalmente, para aqueles que passaram uma boa parte da vida sem diagnóstico . É como o espelho de Alice, o mundo do espelho é muito parecido com o real, só que ao contrário e cheio de coisas inexploradas que só é possível acessa-las quando se penetra nele. Esse mundo do espelho é assustador para algumas pessoas, para mim, a vida real é bem mais. Recentemente , descobri que o escopo do meu trabalho é basicamente a relação com pessoas. Tenho descoberto , como anteriormente dito em algum post, algumas habilidades e desejos que desconhecia quando assumi a chefia do meu setor, e , para o meu grande espanto, gosto da área de gestão e atendimento ao público mas , vivo em conflito na maioria das vezes. Bem, como um bom exemplar de Alice, sempre vivi entre o caos e o abismo , até a próxima aventura me fazer abandonar a parcimônia . E aqui estou eu, como não imaginava que estaria: tentando transformar um grupo desunido em uma equipe , ou pelo menos, realizar algumas melhoras no setor e administrar conflitos. (logo eu?). Também estou me dedicando atualmente a uma seleção de mestrado. (logo eu?). Pois é, tenho perdido o sono e a paz que nunca conquistei de fato, mas antes isso do que a apatia em que me encontrava. Já me inscrevi, elaborei um pré-projeto, que no momento achei maravilhoso, agora estou achando um lixo. Antes de analisarem o meu projeto, terei que me submeter a duas provas, uma de conhecimentos específicos e a outra de proficiência em língua estrangeira. Durante os estudos , me assaltam pensamentos do tipo: Não vão aprovar meu projeto, por que estou estudando? Eu sei, talvez esteja bom , e que todo conhecimento é válido e bla-bla-blá  mas essa é a minha versão invertida do espelho, não consigo ter clareza na hora de me olhar nele, mesmo sabendo que os TDAHs tendem a ter uma imagem negativa de si mesmo , e que o demais nunca é o bastante. Estou lutando contra esses pensamentos cruéis e tentando seguir em frente sem medo de me estabacar no chão, ou pelo menos tendo a consciência que ainda posso , depois de tudo, recolher os cacos do espelho e reconstruir a imagem refletida em seus pedaços colados.