quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ALICE E O FURACÃO


2. Minha inquietude sempre foi muito mais mental do que física, principalmente na idade adulta. Quando criança era bastante agitada (tipo pestinha mesmo) mas era e sou muito mais introspectiva. Do post "25 coisas sobre Alice"

Dizem que depois da tempestade vem a bonança. Eu não sei, me sinto constantemente no meio de uma. Não sei o que é calmaria , talvez algumas gotas de silêncio e paz, mas existem sempre mil coisas acontecendo a cada segundo. Viver dentro da cabeça de um TDAH não é nada fácil , pra ser bem sincera, é muito mais exaustivo do que fascinante . Desde criança ia tanto às voltas com sonhos e idéias mirabolantes, que ficava difícil me segurar em algum lugar, pois como já falei em algum post anterior , sempre aparecia um coelho branco de casaca correndo apressado com um relógio ou qualquer outra coisa para distrair minha atenção e assim me fazer mergulhar no Mundo Subterrâneo. As coisas até hoje têm cheiros e cores entorpecentes e mágicas , que é difícil me manter acordada e firme no chão. Vivo cercada de idéias, planos, projetos e sonhos , e repetidas vezes me ausento um pouco do mundo em frações de segundos. Para a minha sorte muitas pessoas não percebem isso , outras colam-me rótulos e algumas se divertem. Aprendi a tirar isso de tempo. O que me incomoda e o que elas não sabem é que a realidade crua me sufoca assim como suas salas de aulas (principalmente sentar em cadeiras enfileiradas ) , suas reuniões (principalmente porque as pessoas tendem a ser prolixas em suas explanações), suas atividades de rotina onde a atenção é essencial e principalmente seus espelhos distorcidos . Muitas vezes perco o bonde andando, outras sou atropelada pelo próprio ou ainda por mim mesma, outras vezes chego antes mesmo de haver um bonde, uma ferrovia ou um caminho. Vivo no meio de um furação inconstante que oscila em caminhos parecidos. Sinto-me dessincronizada da minha própria vida, existencializando tudo a minha volta e produzindo um abstrato no meio de um vácuo que perde sentido em cada passo que dou embora continue caminhando sem saber para onde . A minha introspecção paralisa o campo das ações concretas e produtivas. E assim , de tropeço em tropeço, tento dar uma volta no jardim inteiro, embora muitas vezes tendo a impressão de que nem sequer sai do lugar.

4 comentários:

  1. Ola!!! Conheci teu blog a pouco tempo e hj depois q escrevi meu post me lembrei de vc, do post sobre a Alice no pais das maravilhas... se quiser, passa la depois, será super bem vinda!
    bjo e força!!! pq as vezes enquanto a tempestade nao passa a gente só segura firme p não sair com o vento, qdo ele der uma abrandada vc pensa em uma estratégia para se livrar dela, ou se esconder melhor dela... ta todo mundo na mesma, ne? kkkk vivendo para aprender a viver!

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    1. Oi Mari, obrigada pelo apoio .Às vezes a gente fica assim meio desesperada principalmente qdo se trata de um tornado mas depois passa, sempre passa, nem que seja para dar vez a outro tornado . rs. Quanto ao seu Blog já passei e já gostei, continue sempre escrevendo , blogueiros tb são muito bem vindos ao País das Maravilhas. bjs.

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  2. Lindo e trágico, Alice!
    Mas assim é a vida de um TDAH. Fomos premiados com esse turbilhão mental e precisamos dar um jeito de conviver com ou seremos tragados por ele.
    Força, amiga, força e coragem. Só assim você vai domar sua mente.
    Um abraço
    Alexandre

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    1. Sonho com esse dia em que domarei minha mente...kkkkkkkkkkk... Mas uma vez obrigada pelo seu apoio, sempre deixando palavras de incentivo, isso não tem preço. Bjs.

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