Estava me sentindo até um pouco confortável nesse cubículo apertado. É escuro, eu sei, talvez as pessoas pensem que estou louca mas ele tem lá suas vantagens. É cômodo não ter que usar a espada e o escudo. É cômodo não ter que enfrentar os monstros lá fora. Não sinto as variações de temperatura, as dores das caminhadas, as ondas me desafiando ou a areia em meus olhos. Confesso que sinto falta do Sol , das estrelas, daquele friozinho na barriga , do calor humano... mas , chega !!! Já cansei de rótulos, talvez o melhor seja ficar aqui em meu casulo embora as cascas que me cobrem estejam teimando em cair aos poucos, até sinto uns fios de luz nas partes que se romperam. Talvez seja hora de explorar o novo mundo que me espera, quem sabe? Quem sabe estou mais forte? Quem sabe o deserto mudou de lugar e eu esteja no meio de uma floresta encantada? Não duvido nada que o chapeleiro tenha alguma coisa a ver com tudo isso ou Rainha me espera para mais um daqueles joguinhos que ela adora. Não duvido nada que ela não tenha conseguido encontrar um adversário a altura, afinal de contas , eu sou Alice , oras, também tenho lá minhas virtudes. Talvez tenha chegado a hora, Alice, de romper mais uma vez as barreiras da mente, do corpo, do tempo...pois a vida , essa não gosta nem um pouco de ser ignorada , ela cobra a conta , sabe? Não adianta nada se esconder atrás de cascas, por mais duras , elas um dia hão de se romper. Então que seja... talvez com sorte essa metamorfose tenha me dado asas em vez de uma casca dura que sempre se rompe.
:)
ResponderExcluirLinda metáfora!
Apesar das dores da luta, precisamos sempre romper as cascas grossas que se formam nas feridas e colocá-las à prova do mundo! É assim que aprendemos a valorizar a dor e também a sua ausência.
ResponderExcluirSeu texto foi maravilhoso, Alice!
Te encontro aqui fora.
Beijos!