segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

ALICE ABSTÉM-SE

Hoje não quero a sala dos espelhos
Hoje quero evitar os espelhos , não quero mundos de cabeça para baixo , jogos de xadrez. Tenho medo das imagens distorcidas que provavelmente encontrarei, algumas me chamarão para passear por mundos estranhos , e o mais incrível é que não me sentirei tão anormal perto deles. Mas ... hoje , não posso essas distorções porque estou confusa. Não sei em que espelho ficou a minha identidade em tantas imagens diferentes de mim mesma , talvez todas sejam minhas , todas elas são secretas e se difudem no embaçado das imagens e no embaralhado de cartas de baralho. Tem dias em que você foge dos conflitos , tem dias que quer resolver tudo de uma vez ... hoje quero apenas escondê-los embaixo do tapete e evitar a sala dos espelhos.

domingo, 25 de dezembro de 2011

ALICE QUESTIONA

TDAH e a confusão dos espelhos.

Mas uma vez chego a mesma questão : Crescer ou diminuir ? Sabemos o quanto os espelhos são perigosos mas não podemos evita-los. Assim é amar, viver ... não podemos evitar cair em buracos profundos , viajar para outro mundo onde tudo esteja de cabaça pra baixo, já que nem sei onde é o em cima e o embaixo, o lógico e o ilógico. Desde que me disseram que não existe ninguém normal , fico martelando se realmente não posso viver plenamente esses dois mundos que me aparecem. Será que as pessoas também não têm outros mundos e os escondem? Passei a vida escondendo meus mundos , me achando esquisita e feia, louca e desengonçada, quando descobri que minhas confusões :  TDAH  e minha personalidade. Mas também podemos chamar de  sonhar, amar , viver ... E que se viva a vida então.

domingo, 18 de dezembro de 2011

ALICE ESTAVA SÓ HOJE

RELACIONAMENTO TDAH : TEMPESTADES E CULPA

Caminho até chegar no topo de uma colina e observo o Mundo das Maravilhas lá de cima, aquelas criaturinhas todas tão elas , cada um de seu jeito, felizes e satisfeitas com suas concepções , com suas idéias. Fecho os olhos e imagino o que poderia estar fazendo no mundo real. De qualquer maneira , em qualquer um dos mundos , nesse momento sentiria-me só. Sou dependende de pessoas , sou dependente do amor delas. Os DDAs podem sofrer de muitas dependência , inclusive a afetiva. Esse tipo de dependência  me incomoda muito porque nesse momento sinto toda a fragilidade do meu ser. Preciso que eles demonstrem amor o tempo todo(coisa que sei que é exigir demais de qualquer um) , como uma ponte que preciso atravessar para me manter inteira. Tenho medo de virar uma "Felícia"(vide menininha ruiva ao lado esquerdo da página pra quem não conhece a personagem de desenho): sufocar coelhinhos certamente não é meu objetivo de maturidade mas , às vezes , me identifico com ela e seu afobamento , principalmente nos momentos "Alice sem noção". Assim parece que nada vai tirar essa necessidade deles(os DDAs) tão intensa , e a constante sensação de culpa em certos eventos. Depois de todas as trovoadas desnecessárias ,consigo ver que faço tempestades onde poderia ter cabido apenas uma garoa, uma chuvinha rápida. Magôo pessoas e elas me magoam porque na hora de discussões todos defendem seus pontos de vista atingindo um ao outro. A minha hipersensibilidade me faz sofrer ainda mais por multiplicar cada palavra em visões tridimensionais delas. Os DDAs costumam supervalorizar os fatos, e disso decorre uma sucessão de acontecimentos nem sempre felizes. Por isso , se alguém que convive com um DDA está lendo este post , tente ser a pessoa que releva , pois temos muitos momentos de tempestades e muitas outras de primavera , tudo envolto de muita sensibilidade e amor. Não uso o TDAH como desculpa de meus atos mas espero que as pessoas entendam que tento o máximo minimizar minhas limitações , dentre elas o impulso, o que faz muitas vezes algum ventinho teimoso fugir por alguma fresta da razão e se juntar com umas nuvenzinhas lá no canto , descansando preguiçosas, e aí o princípio da tempestade se inicia...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ALGUÉM ME ACHOU POR AÍ?

TDAH E A VIDA PROFISSIONAL.

Quando eu era criança lembro que queria ser bailarina mas também austronauta, médica, secretária ... enfim, uma infinidade de coisas que as crinças pensam. Mudava sempre de profissão e minha mãe sempre dizia que tinha que estudar muito para isso, embora visitar aquele lugar tão inanimado, cheio de cores , de aventuras sem a preocupação de lógica , tempo , futuro... era muito mais atrativo para mim. Minha vida escolar sempre foi muito tumultuada como já relatei antes , vivia sempre sob forte pressão da minha mãe , principalmente no final do ano em que ela me ameaçava com desde do castigo de não brincar na rua (coisa que adorava)  ao internamento num colégio interno.Quando cursava o Ensino Médio estava com tanta dificuldade que até pensei em fazer um Supletivo , não o fiz porque minha mãe disse que ia se matar então me esforcei para acabar mesmo fora do tempo normal. TDAHs têm dificuldade de foco, isso muita gente sabe , mas eles nem sempre estão fadados ao fracasso , muito pelo contrário , quando acham a sua área espefícífica de atuação usam toda a sua criatividade e talento para tanto. TDAHs nunca desistem, isso é verdade. São persistentes naquilo que desejam, pelo menos até enquanto desejam. Na minha luta diária entre um Mundo e outro (RealxMaravilhas) tenho tentado conter a minha fabulosa máquina de sonhos e procurar ser prática no mundo real. A terapia tem me ajudado bastante em resolver algumas questões profissionais. Tenho até conseguido estudar, coisa que não fazia desde que concluir meu curso superior. Pois é, sou formada em História, mas os 4 anos de faculdade puseram por água abaixo toda aquela paixão  e agora não consigo sequer ler um artigo da matéria. Acho que talvez a impossibilidade de criar e recriar a História tenha me desencantado, pois a mesma é uma ciência , como também outras coisas que não convém escrever aqui. Também tentei cursar Artes Cênicas na faculdade mas acho que teria que ser muito bem resolvida nesse caso , me traumatizei totalmente com as aulas (apesar de já ter tido experiências positivas com o teatro) , a academia acabou com as minhas pretenções ideológicas e criativas. Eu abandonei por completo o curso meio sem ter certeza se fiz a coisa certa. Enfim, hoje , não pretendo fazer nenhum outro curso superior pois o sistema educacional realmente não combina comigo. E nos meus devaneios incontroláveis me peguei pensando hoje em fazer um curso de hardware , mas ontem queria tanto a área jurídica , enfim , preciso delinear as minhas paixões , pois  a bailarina sempre é muito graciosa mas no fim do espetáculo ninguém vê seus pés quando ela tira a sapatilha.

domingo, 4 de dezembro de 2011

ALICE E SUAS HISTÓRIAS COMICO-TRÁGICAS

micos de um TDAH

Imagine você com uma turma de amigos sentados numa mesa na beira da praia e você resolve dar um mergulho sozinha. Quando volta à mesa totalmente relaxada percebe que em volta da mesa existem caras perplexas olhando pra você e aí do outro lado, em outra mesa , seus amigos morrem de rir porque na verdade, você sentou na mesa errada. É bom rir dessas lembranças , mas na hora foi bem desagradável embora acredite que da minha coleção a pior delas foi a das malas.Estava eu,  alice , viajando sozinha , indo à casa de uma amiga numa cidadezinha, na fronteira do Uruguai com o Rio Grande do Sul. Como era muito distante de Porto Alegre e ela tinha uma filhinha de meses (inclusive um dos motivos de viajar para tão longe) teria que apanhar um ônibus de Bagé (onde ela morava) para o aeroporto de Porto Alegre para voltar para minha cidade de origem. Quis fazer diferente da minha mania de sempre resolver as coisas de última hora e comprei a passagem do ônibus uma semana antes, os asssentos estavam quase todos desocupados , então relaxei. Iria viajar de meia noite e chegar em Porto Alegre umas cinco horas da manhã , mais ou menos , tempo de até dormir um pouco. Chegado o fatídico dia , bem sentadinha na minha janelinha , onde gosto de viajar , eis que suge uma senhora enooorme , mais muito obesa meeeesmooo, tipo obesidade mórbida . Prontamente pensei : "Não , isso não vai acontecer comigo". Sim isso aconteceu comigo. Ela sentou justamente ao meu lado. Não falo isso por preconceito mas eu praticamente fui expremida no vidro da janela , não podia nem me mexer durante cinco terríveis horas , pois tinha colocado a minha bagagem de mão embaixo dos meus pés para não esquecer , já que me conheço muito bem. A viagem parecia interminável mas quando chegamos , eu tava tão indignada que tratei logo de descer e pegar o primeiro táxi que vi na minha frente. Pronto, tinha me livrado daquele pesadelo, podia mexer meus braços e minhas pernas novamente , segui para o aeroporto. De repente , ao avistar o aeroporto percebi que estava faltando algo muito importante : as minhas malas !!!! Sai tão distraída com a minha ira e medo de esquecer minha bagagem de mão , que esqueci minhas malas. Quando falei para o taxista que me olhou meio atônito, meio incrédulo, tivermos que ir à garagem da empresa do ônibus , onde estava lá , minha mala sozinha, abandonada e com os funcionários esticando o pescoço para ver o tipo de criatura que eu era. Passei a viagem inteira preocupada com o despacho dela, pois pegaria uma conexão em Guarulhos, e embora me afirmassem que a mala seria despachada para o próximo avião , eu não conseguia parar de pensar na mala , até tentei avista-la através da janela do avião. Quando finalmente cheguei super ansiosa para pega-la no meu destino final ... advinha qual foi a última mala da esteira? Demorei um pouco para contar as pessoas pois me senti muito mal com esse episódio e fiquei a viagem inteira me recriminando , chateada de como as coisas aconteciam sempre comigo desse modo. Pensei na ápoca em procurar um psiquiatra pois achava que tinha algo de errado comigo. Depos eu dexei pra lá , assumi pra mim mesma e para os outros e essa virou mais uma das minhas inúmeras histórias de trapalhadas que conto e me divirto com meus amigos.

sábado, 26 de novembro de 2011

ALICE E OS MUNDOS

O mundo dos remedinhos

Tomo-os automaticamente nos dias de calmaria como se tomasse um comprimido de vitamina C. Às vezes agradeço a eles minhas melhoras, momentos de calmaria, de consciência. Mas nos dias em que tudo parece estar fora do lugar, questiono seu porquê e qual barreira vai finalmente me segurar. E ainda mais estranhos são aqueles em tudo está em seu lugar e sinto um mar revolto dentro de mim , tomo o primeiro comprimido do dia meio incrédula porque sei que isso não vai passar, pelo menos não hoje. Esse furacão que me atordoa, muito além do meu velho hábito de balançar as penas inquietas ou mecher meus dedos... aquilo que está aqui dentro , invisível aos olhos alheios, uma vontade de ficar invisível, parar o tempo e brincar com ele enquanto todos observam inertes , estáticos ... ou sair voando por aí como se nada importasse , nem mesmo a gravidade que fatalmente me faria cair. Tenho vontade de engolir a vida em grandes goles como esses comprimidos que tomo, mas ás vezes quero para-la um pouco para ouvir meus pensamentos... e se esses pudessem me dar uma tregua , poderia ouvi-los um por um , etiqueta-los , classifica-los , guardar alguns sentimentos em frascos contidos para serem usados na medida e na hora certa. Mas tudo isso se tornaria tão chato ... o fato de não poder controlar os tornados faz as pessoas mais fascinantes e imprevisíveis e até mesmo capazes de descobrir tantas coisas. O mundo é interessante do jeito que é , principalmente visto de uma lupa. Os remedinhos, esses, não sei onde aplica-los, pois muitas vezes meu coração tá tão contraído que parece estar do tamanho de uma ervilha ou tão grande como uma bola de futebol , empurando os outros órgãos. Mas meu controle diante dos outros talvez se aplique a eles, também sinto que os furacões diminuiram de frequencia . Parece que o meu Inverno se tornou uma espécie de fim de Inverno, talvez o começo da Primavera, como também não podemos dizer que o Inverno seja de um todo mau , tem aquele friozinho gostoso, o barulho da chuva , o cheiro da terra molhada , enfim , como tudo seus vários lados. Entretanto , eu , Alice , espero estar no caminho certo para aprender a viver, independente dos remedinhos, independente de Estação, nos dois mundos  : O Real e o das Maravilhas.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ALICE E FERNANDO PESSOA

Como gostaria de viver no mundo das palavras... 


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos..
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

(Fernando Pessoa)

sábado, 19 de novembro de 2011

ALICE NO MUNDO REAL

Problema do mundo real : falta de espaço

O mundo Real é cheio de obstáculos. Bem clichê , não? Nem tanto , porque estou falando de TDAH , e não é dos obstáculos abstratos da vida que me refiro e sim dos obstáculos físicos , que encontramos nas ruas , em cadeiras apertadas em salas de aula , coisas desse tipo. Alice , não tô entendendo nada. Nem eu até um tempo atrás. Eu sou do tipo desastrada, aquela que sempre esbarra em todo mundo, derruba coisas , deixa um rastro por onde passa , sempre escolhe o caminho mais difícil para chegar a algum lugar e quando chega tem a medida exata de como fez rodeios pois sempre tem um caminho tão mais livre do outro lado. Numa abstração de criança diria eu que tenho uma enorme calda de dinossauro invisível , e tentáculos enormes que se movem involuntariamente de um lado para o outro e no meio da testa um olho só. Numa explicação mais séria e científica eu diria que eu , como muitos TDAHs , tenho problema de lateralidade. Descer uma parada antes da casa de uma amiga que você sempre visita é bem normal , se isso não acontecesse várias vezes , aí passa a ser cômico. Viver topando na rua (coitadas das minhas sandálias, bom pra aquele velho rabujento , o sapateiro do meu bairro). E aquele "ei, tia , joga a bola ai!!!" . Terrível , pois por mais que eu mire pra onde eu quero que ela vá , a bola sempre vai pro lugar mas inimaginável da face da terra!!! incrível!!! Meus amigos ? os meus bons amigos morrem de rir , dizem que é meu jeitão de ser , alguns até acham um charme . Fico feliz em tê-los ao meu lado , pois , acredite em muitas outras coisas sou como os outros , pois também pertenço a Raça Humana , embora muitas vezes eu mesma duvido quando lembro da calda de dinossauro e meus poderes de monstro do "Mundo Subterrâneo".

sábado, 29 de outubro de 2011

Alice nas batalhas com o Jaguadarte

Exaustão constante da Alma .

Como nos sentimos exaustos depois de uma batalha com Jaguardates! É como se houvesse um esvasiamento de nossa alma e restasse o fiozinho que só o tempo pode regenar suas fibras, até o momento de recuparar toda matéria perdida e recomeçar novamente nossa guerra interminável. Pessoas com TDAH sentem-se cansadas o tempo todo pois gastam muita energia e emoções naquilo que fazem. Às vezes temos a sensação que vamos explodir de tanto sentimento, de tanta vontade , de tantos planos que nem sempre convergem com a realidade. Não raramente o nosso ardor é tão intenso que no meio do caminho vamos perdendo o gás, a força ,e aí será mais um projeto inacabado. E não raramente também somos enxovalhados de palavras nada incentivadoras tipo : "vc sempre desiste de tudo, vc não quer nada na vida, não tem foco , não consegue terminar nada ...". - Fracassado. É isso que muitas vezes dizemos a nós mesmo . O pior é quando falamos todo empolgados para alguém do novo projeto e ouve : "pra quê se vc sempre desiste?"Mas temos que se conformar com essa nosssa condição? Sermos pre-destinados ao fracasso , a improdutividade ? Claro que não. Já ouvi vários relatos de TDAHs que encontraram sua área de Hiperfoco (que é algo que faz com com os TDAHs , que geramente tem dificuldade de se concentrar fiquem super focados nessa determinada tarefa.) Ainda não fui apresentada ao meu hiperfoco mas venho lutando contra o meu Jaquadarte , me sinto exausta mas me regenero e começo de nosso , pois mesmo com todas condições adversas , nós TDAHs amamos a vida e somos persistentes , temos o País das Maravilhas e a capacidade de sonhar, por isso somos fadados sim ao sucesso.

domingo, 16 de outubro de 2011

ALICE E SER O QUE É.


QUEM É LOUCO? A REALIDADE DE NÓS MESMOS.

O País das Maravilhas parece louco pra quem o olha assim de longe. Talvez um chá seja apenas um momento onde pessoas tomam chá, conversam e comem bolos ou torradas e colocam a conversa em dia , com pessoas organizadamente sentadas em seus lugares , esperando sua vez de falar e o tempo todo se ponderando para serem educadas e eloquentes. Talvez fingir ser o que todos esperam que você seja pareça uma atitide normal, sensata , de acordo com o que a maioria pensa. Ser feliz talvez seja a sétima necessidade humana , depois da riqueza, da popularidade , do crescimento profissional e da imagem que todos projetam de seres bem sucedidos: Casar , ter filhos prósperos e bem sucedidos e seus netos também seguirão a mesma Odisséia da família... E assim se matam sonhos , se destroem personalidades de loucos ,artistas, românticos, "desleixados": pessoas sem ambição e sem materialismo, desmedidos da própria vida, sem projeção à beira de um nada , à margen dos Holofotes da sociedade e da satisfação dos seus. O mundo Real é cheio dessas frissuras que se solidificam com o passar dos séculos. E se esse mundo conhecesse o País das maravilhas? Chamaria de tolo um coelho correndo apressado olhando para o relógio para o Jogo da Rainha , e se essa rainha tivesse um exército de baralhos ordenando-os o tempo todo a cortar a cabeça de todos aleatoriamente pareceria uma ameaça . E que tomar chá mudando de assentos porque ao brigar com o tempo sempre seria a hora do chá é um tanto ilógico. Parece louco? E se loucura fosse viver a vida julgando os outros, loucura fosse não ser feliz em uma vida que é só sua e única. O olhar aos olhos de uma criança parece tão simples e sem sentido que às vezes esquecemos quem são os loucos da História. Nós que guerreamos por algo que nunca ou nem sempre será nosso,parece que esquecemos que um dia fomos crianças capazes de cair num buraco atrás de um coelho branco e ter a incontrolável vontade de conhecer um esplendoroso Jardim cheio de aventuras e criaturas únicas , cada um sendo o que é, dentro de um lugar chamado "País da Maravilhas".

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ALICE HOJE CHORA ...

Desabafo para os não-TDAH's

Às vezes , vivo às voltas com minhas limitações. Lutar contra um Jaguadarte todo dia é cansativo pra qualquer alma. Não quero aqui dar uma de coitadinha , nem espero que as pessoas tenham pena de mim. Apenas tenho esse espaço onde eu posso trocar informações e experiências mas também , desabafar um pouco quando o copo está cheio. Quem ler minhas outras postagem vai perceber que nem sempre me sinto assim transpirando tristeza. O mar me cerca em todas as direções , às vezes calmo, sereno, traquilizante mas também deposita em mim sua fúria nos dias ruins. Me frusto com minhas limitações , e fico o tempo todo me vigiando pra não cometer gafes, magoar os outros , não ser egoísta, impulsiva, não errar por besteira nem fazer tempestades num copo d'água , enfim , é quase uma oração, um ato de contrição ou coisa parecida. Venho me preocupando com todos que cercam , me escondo , me detenho, compreendo, me calo para não falar demais. Mas hoje , estou pensando :"será que alguém faz isso por mim? Será que alguém se cala, se preocupa em não me magoar, tenta entender porque faço certas coisas sem querer ? será que alguém procura entender o que alguém com TDAH com depressão sente? Alguém que convive comigo procurou entender meu transtorno antes de me colocar rótulos?  Minha dificuldade de lidar com as pessoas esbarram muito na questão de me doar demais e querer o mínimo, que nem precisa ser tanto , só de vez em quando se colocar no meu lugar. Talvez seja muito para os outros, talvez...

domingo, 25 de setembro de 2011

ALICE E O MUNDO DESCONHECIDO

A informação é o primeiro passo.

Alice caminha cada vez mais curiosa com esse mundo novo mas ao mesmo tempo tão familiar. Poderia ser dominada pelo medo ou pela hesitação mas para ela tão corajosa , a única opção era avançar nessa aventura. Sempre há um momento em devemos decidir se continuamos parados , acostumados com os nossos mundos aparentemente tão seguros ou se mergulhamos profundamente para um novo mundo que existe dentro de nós mesmos. É muito importante nessa hora nos enchermos de coragem e seguir em frente. Assim , quando me encontrei com o "Mundo TDAH" foi assustador e fascinante ao mesmo tempo. Quis saber de tudo a respeito. Neguei , duvidei, afirmei, lamentei pensando porque logo eu e também conclui que não era o fim do mundo ser TDAH e que não poderia mudar esse fato , então decidi lidar com ele. Quanto mais eu pesquisava e me informava sobre o assunto mais eu tinha a certeza que finalmente tinha encontrado meu lugar no mundo. Quando leio livros, depoimentos e converso com a minha terapeuta sobre o assunto , me identifico com o transtorno. Sempre tive a sensação de que nem eu mesma me entendia , lutava contra minha própria correnteza , me recriminava mas também me sentia injustiçada com tantos rótulos. Vivia ( e ainda vivo) em uma roda viva de crises existenciais, de identidade , de agústia , de tristeza e frustações. A cada projeto interrompido encarava a minha inércia diante de um inimigo desconhecido. Hoje, já consigo identificar as minhas limitações e trabalhar para vencer os obstáculos das minhas tarefas diárias ( luto diariamente contra os Jaguadartes) entendendo o que se passa comigo. Desse modo, seja lá qual o seu problema , recomendo pesquisar sobre ele , seja o TDAH, Depressão, TOC, ou qualquer coisa que incomode , a informação é o começo de tudo. Nem sempre o profissional da área tem disposição para explicar o que acontece com seu paciente , entretanto , você pode tirar dúvidas e procurar fontes seguras para obter informações , de preferência profissionais renomados no mundo acadêmico como também buscar fontes diferentes de informações para ser mais preciso em sua pesquisa.

sábado, 17 de setembro de 2011

Sonhos ...

O que pra muitos é uma coisa tão tola , para outros é a uma das mais belas características do Ser Humano , juntamente com a capacidade de amar , perdoar , fazer o Bem ...
O que seria da Humanidade se não fosse a capacidade de sonhar o impossível , romper barreiras , abstrair muito além do que os outros são capazes de ver ? Deixo aqui a letra de uma música que parece muito, tanto com os TDAH como também com as pessoas sensíveis que mesmo diante das adversidades da vida, não perderam a capacidade de sonhar .

 

Sonho Impossível

(Chico Buarque)

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

sábado, 10 de setembro de 2011

ALICE ORA ANTES DE DORMIR

Oração que todo TDAH deve fazer todos os dias

"Senhor,
fazei com que ao me levantar não perca a hora , não me atrase por achar que vai dar tempo de fazer mais coisas antes de sair;
que eu controle meus impulsos a não falar ou fazer o que não devo;
que eu não passe vexame ao derrubar coisas ou ser avoada e esquecer das coisas básicas;
que as pessoas não percebam quando não presto atenção ao que elas falam;
que eu ... (acho que devo lavar meu carro antes de...) ops ...
que eu ... onde estava mesmo ? ... eh ... ah!!!
Que eu consiga terminar o que comecei sem inciar outra tarefa ;
que eu tenha momentos de relaxamento fazendo com que eu pare um pouco de pensar tanto ;
que eu não magoe as pessoas que amo ao não entender o que elas esperam de mim;
que por todas essas coisas as pessoas não pensem que sou egoísta, mal-educada ou irresponsável;
que as pessoas possam entender meu jeito antes de colocarem rótulos em mim ou me chamarem de louca;
que eu consiga dormir bem sem me acordar e me mexer o tempo todo durante a noite e;
que amanhã eu não me acorde cansada porque não relaxei durante à noite;
 enfim , que pelo menos um dia eu seja uma pessoa normal , sem culpas e sem remorsos , amém."

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

ALICE ENTENDENDO OS TRANSTORNOS

"A diferença entre o antídoto e o veneno é a dose".

 Essa frase representa bem o mundo dos transtornos, pois o que caracteriza um transtorno é justamente a medida em que uma "característica" afeta a vida de uma pessoa. Nisso podemos claramente encaixar o TDAH , pois se uma pessoa é agitada , distraída e impulsiva , não significa dizer que ela tem o Transtorno mesmo que ela se encaixe na maioria das característica de alguém com TDAH. O que vai definir o Transtorno é a intensidade de seus sintomas , o quanto isso o prejudica em suas tarefas diárias e no convívio com as pessoas em sua vida social, laboral e familiar. Podemos encaixar esses conceito em outros transtornos como o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e o Transtorno Bipolar. Alguém apenas organizado é uma característica mas se alguém que arruma seu armário diversas vezes ao dia a ponto de atrapalhar suas outras tarefas , provavelmente está sofrendo de TOC (esse é só um exemplo pois existem várias maneiras de se desenvolver o TOC como a lavagem de mãos ou tomar banho complusivamente, obsessão por pessoas ou rituais , etc.). Também não podemos afirmar que uma pessoa instável emocionalmente seja bipolar, pois ela precisa ter variações de humor muito marcantes como momentos de euforia desmedida e a mais profunda depressão sem motivo algum e com muita frequência. Assim como tristeza nem sempre é depressão, dificuldade na escola muitas vezes não é distúrbio de aprendizagem.Entretanto a melhor maneira de descobrir se você apresenta ou não um transtorno ou um distúrbio é procurando um especialista da área para que este possa fazer um diagnóstico mais preciso sobre sua situação.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

QUANDO ALICE CAI NUM BURACO MAIS PROFUNDO AINDA

Sou depressiva ou estou com depressão?

Existe uma diferença significativa entre estar triste , depressiva e ter a depressão doença. A tristeza é algo passageiro , um estado de espírito , às vezes até faz parte da personalidade de alguém ter pensamentos negativos acerca da vida e de si mesmo. Isso pode ser tratado apenas com terapia ou mudança da rotina, de comportamento e até mesmo com o passar do tempo. Já a depressão é uma doença e tem que ser diagnosticada e tratada com médico , de preferência especialista em psiquiatria (merece nota o fato de que quem se trata com psiquiatra não é louco como muita gente pensa). O tratamento é à base de remédios e o paciente também é aconselhado a fazer a terapia com psicólogo para complementar o tratamento. Quando voltava cansada do País da Maravilhas , sempre me acordava confusa daqueles sonhos estranhos , até me deparar com um estado diferente das angústias e tristezas que geralmente sentia. Fui acumulando muitas coisas dentro de mim e quando percebi tinha caído num buraco mais profundo do que àquele do Mundo de Alice. Era escuro e me deixava inerte e sem vontade de nada , só me interessava ficar dentro de uma casca de ovo quentinha , esperando a vida passar. Foi aí que vi que precisava de ajuda , pois eu que sempre amei viver a vida , agora não tinha vontade de sair, nem de me levantar da cama; quem sempre foi muito vaidosa agora não tinha vontade nem de tomar banho e eu ia fazendo tudo meio forçada. Tive uma crise histérica, e hoje ainda faço o tratamento contra a depressão, vou uma vez ao mês ao psiquiatra e semanalmente à psicóloga que tem me ajudado a me conhecer melhor e tem tirado minhas dúvidas (pois os médicos em sua grande maioria, digam-se de passagem, não explicam nada direito ). Assim , desde novembro de 2010 , tenho tido melhoras consideráveis ao meu quadro depressivo, devendo também para não ser injusta , atribuir essa melhora a minha vontade de mudar de vida. A mudança começa na gente , a vontade inicial de querer mudar as coisas e procurar ajuda é o ponto de partida para vencer a doença e enfrentar a vida em sua luta diária.

sábado, 27 de agosto de 2011

DEPRESSÃO : ALMAS DE ALICE

Encare a depressão como uma doença a ser combatida

Descobri que tinha TDAH quando tive uma crise depressiva mas, na verdade, sempre senti que tinha uma alma de "Alice". Existe muito preconceito sobre a depressão , o que dificulta muitas vezes que a pessoa que sofre desse mal procure ajuda. Já percebi que existem alguns pre-requisitos para se ter essa doença. Uma delas é a pré-disposição genética, a outra talvez seja uma "alma de Alice", uma sensibilidade a flôr da pele que faz com que as "micro-coisas" se agigantem diante de nossos olhos, potencializando nossos sentimentos mais profundos. Seria a vida vista por uma lupa : coisas que as outras pessoas talvez menos "alices" não percebam ou não se importem. O quadro depressivo precisa ser levado a sério , pois muitas pessoas ainda acham que é besteira , coisa de gente fraca, sem fé , negativa , que não sabe o que outras pessoas sofrem pelo mundo. Você não precisa passar fome ou estar com uma doença incurável , ou perder um ente querido para ficar depressivo. O que a gente sente não pode ser mensurado através dos outros e sim , de nós mesmos , pois sentimento é algo muito subjetivo. Portanto, quem sofre desse mal , deve procurar ajuda sim , de médico e de terapeutas pois não se sai desse quadro sem ajuda de especialistas. Eu, Alice , que luta diariamente contra os Jaguadartes do cotidiano , procurei ajuda e não me arrependo nem por um segundo. Procurei um clínico geral que confiava , depois fui a um psiquiatra , não gostei dele, mudei de psiquiatra e comecei a fazer terapia. Descobri muitas coisas legais a meu respeito , e apesar dos meus altos e baixos , posso dizer seguramente que me tornei uma pessoa melhor , e que sem ajuda desse profissionais , dos meus amigos e da minha família , não consegueria nem me levantar da cama todos os dias. Deixo aqui , a quem posso ler esse desabafo , um incentivo de coragem para encarar seu Jaguadarte pessoal e mudar sua situação , acredito que provisória e metamórfica , para um novo país da Maravilhas de muita paz e alegria.

sábado, 13 de agosto de 2011

O País das maravilhas : um mundo novo a ser explorado.

TDAH : Rotina x Novidade

Alice cai no buraco e se depara com um mundo novo a se explorar. Esse mundo é bastante diferente do "real" em que ela está acostumada, é assustador mas ao mesmo tempo fascinante. À medida em que ela adentra em sua fauna e flora exuberante , ela fica cada vez mais curiosa... O hiperativo também é assim. Seu cérebro se delicia com desafios, mudanças, o novo é tão atraente enquanto é novo pois este dá a ele a oportunidade de sonhar , fazer planos , estimular-se e romper barreiras. Um ambiente inexplorado pode lhe causar dor (principalmente nos adultos que foram diagnosticados tardiamente pois geralmente são inseguros em ambientes novos , já que sua vida foi traçada por rótulos, constragimentos, situações embaraçosas, rompimentos) mas essa dor quando rompida a barreira do medo , pode significar um mundo de possibilidades. O TDAH geralmente é averso à rotina, a repetição não o estimula e não o mantém  concentrado em tarefas que não estimulam sua mente inquieta. É por isso que Alice fatalmente estará pre-destinada a seguir o coelho branco ou qualquer coisa inusitada que chame a sua atenção e ao mergulhar de cabeça no "buraco-portal" estará visitando novamente o País das Maravilhas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Texto sobre TDAH

No mesmo site do link abaixo , encontrei também um texto bastante simples sobre TDAH (algumas informações básicas) que explica de maneira genérica esse transtorno. Vale a pena conferir. Link abaixo:

http://www.tdahecomorbidades.com.br/tdah_Info_basicas.asp?parametro=3

Dicas para um TDAH adulto

Encontrei nesse site um texto com algumas dicas para melhorar a condição de vida de pessoas adultas com TDAH , são simples mas vale a pena tentar. Abaixo o link que vai direto nesse texto. Espero que ajude.
http://www.tdahecomorbidades.com.br/dicas.asp

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ALICE E A TORTURA DA ESCOLA

O DDA e a escola
Foi muito importante pra mim descobrir que tenho TDAH pois nesse momento muitas coisas sobre mim estão se definindo na minha cabeça com mais clareza. Os rótulos foram substituidos por cormobidades, características, limitações...  outros continuaram fazendo parte da minha personalidade. A criança sonhadora , imaginativa , agressiva , foi delineada finalmente por impulsos que não sabia controlar e nem poderia sozinha encontrar apoio para dominar aquele motorzinho incansável. Posso hoje entender o porquê de a Escola ser para mim uma tortura constante, a rotina me dilacerava sempre, o sistama educacional me esmagava pois era muito mais fácil me chamar de mal-educada , sem limtes, preguiçosa , agressiva. Minha mãe escutava coisas do tipo :"Alice é uma criança muito inteligente , quando ela quer , consegue aprender tudo muito rápido."; "Alice não controla seus impulsos , quer resolver tudo na hora, não respeita as professoras, é antisocial, agressiva com os colegas." E quantas foram as vezes que me senti frustada por saber da matéria e errar detalhes por distração. E quantas vezes jurei que no ano seguinte seria diferente , iria dominar a "preguiça" e me dedicar aos estudos. E assim fui passando meus anos de idade escolar, sofrendo cada prova , cada final de ano em recuperação, cada cobrança e ameaça , cada ano sem diagnóstico, sem definição , apenas rótulos e mais rótulos.



sábado, 9 de julho de 2011

TUDO NÃO PASSAVA DE UM LINDO SONHO, ALICE.

O futuro: um abismo para o TDAH


            
Tudo que sobe, desce. É a lei da física. E do mesmo jeito que a euforia veio, ela também foi embora. O que ficou no lugar da alegria desmedida e despreocupada, que não pensava em nada além da vontade abraçar o mundo com as pernas? Um enorme furação de idéias mal-assombradas sobre o futuro que sempre preocupa os DDAs nessas crises de consciência constantes. Para a incerteza de alguém que não consegue se apegar a nenhum projeto em longo prazo, o futuro é algo assustador, um labirinto ou talvez um enorme abismo que fatalmente acarretará em mais uma queda. É, esse futuro de fundo negro que parece a capa do livro “O Manifesto Comunista”, vem propor algo que em sua época é novo e catastrófico. Os pesadelos sempre acompanham Alice quando ela volta do País das Maravilhas, é isso que substitui os lindos sonhos que parecem tão reais.

sábado, 25 de junho de 2011

ALICE CAINDO PRA CIMA

Variações de humor DDA

Muitas vezes me vejo às voltas caindo no mesmo buraco, nem sempre caindo pra baixo (não é um pleonasmo vicioso) pois podemos cair pra cima no País das Maravilhas...é como uma montanha russa , suas voltas que nos deixam de cabeça pra baixo , caimos e subimos em alta velocidade. Assim é o estado de espírito de um DDA. Meus sentimentos sobem e descem o tempo todo. Venho até diminuindo essas variações ultimamente com antidepressivos, tenho aprendido a controlar esses impulsos com o tempo mas aqui dentro ainda impera volúpia, a inconstância, a incerteza. Nesses últimos dias , troquei minha inércia por uma vontade de abraçar o infinito, garimpar o universo inteiro, beber a vida em grandes goles. Às vezes me surpreendo com uma vontade de viver a vida em sua plenutide , sem as barreiras materias ( tempo, espaço, limites, compromissos). Me sinto mais hiperativa do que nunca, querendo beber e comer ao mesmo tempo o doce e o salgado que não seja agridoce, misturar o sal e o açucar sem misturar suas essências. Não sei se já escrevi aqui, mas muitas vezes essa variação de humor pode ser confundida com o Transtorno Bipolar, porque na verdade é bem parecido, só que o cume do DDA é menor já que o bipolar chega no fundo da depressão e no ápice da euforia. Por isso , me desculpem meus poucos leitores mas vejo um sol lindo que brilha através da janela do meu quarto e está me convidando pra dar uma volta comigo. Não posso recusar o convite do Astro-rei. Estou indo em direção do buraco que foi aberto pra mim em uma dimensão do céu. Até mais...

domingo, 19 de junho de 2011

Meu mundo - Otto.

"...O desejo é um tempo parado
É quando se trocam as datas dos bichos e das flores
É quando aumenta a rachadura da velha parede
É quando se vira a folha, a folha da história
É quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
É quando se endurece o rastro de sorriso
No canto dos olhos
Eu sei que a viagem é longa
A voz vai e vem
Você ta aí?
Você ta aí?
Ei, voce est aí?
Vontade de abraçar o infinito."

sábado, 4 de junho de 2011

ALICE CAINDO NO BURACO

Dificuldade de manter o foco, uma característica TDAH

Às vezes tenho a sensação de estar caindo num buraco enorme , cheio de coisas , tento pegá-las, tento me segurar em algo  mas não consigo, continuo caindo, caindo , caindo... Tento pegar as coisas mas não consigo segura-las por muito tempo. Se você sente isso , você pode ter TDAH. Passei a minha vida planejando coisas, fazendo projetos com a maior euforia e eles vão se esvaindo , escorrendo entre as minhas mãos (Inclusive, esse blog pode acabar assim, como um dos mais de milhares de projetos que não consegui acabar). Acho que é porque as coisas não funcionam com a mesma velocidade da minha cabeça. Vivo pensando o tempo todo, exaustivamente, minha cabeça não pára um minuto, sinto que não descanso nem quando estou dormindo, pois tenho muitos sonhos durante a noite. Sempre estou cansada , pra ser sincera já me acordo cansada. Já fiz vários exames e nunca dá nenhuma alteração, sempre atribuída a minha vida sedentária. Tenho vontade de largar o sedentarismo , eu até já tentei algumas vezes . Tenho vontade de correr , de fazer muitas coisas mas nunca dá tempo de fazer tudo que gostaria, pois tenho um grande problema de calcular o tempo. Com freqüência me atraso, não consigo realizar o que planejo, esqueço compromissos. Estou sempre com a cabeça no mundo da lua, seja imaginando, fantasiando, planejando, conversando comigo ou imaginando que estou conversando com pessoas. É um fluxo intenso de pensamentos, as coisas vão e vem o tempo todo e na maioria das vezes não consigo controlá-los , é algo que independe da minha vontade. Esses são alguns sintomas que identifiquei em algumas coisas que li sobre o TdAH, é o que chamam de tempestade de idéias. Os tdah’s pensam várias coisas ao mesmo tempo, por isso a dificuldade de se ajustarem aos compromissos da vida cotidiana. Ana Beatriz B.Silva, autora do Livro “Mentes Inquietas” até critica o termo “Deficit de atenção” já que segundo a mesma , o DDA(como ela se refere ao transtorno), não apresenta uma atenção deficitária , ele apenas não consegue manter a atenção já que está pensando em muitas coisas ao mesmo tempo.É algo que eles não conseguem controlar. Também existe uma coisa chamada hiperfoco , em linhas gerais significa que ele consegue se manter super concentrado naquilo que lhe proporciona prazer(acho que ainda não fomos apresentados). Um dos meus maiores desafios é justamente direcionar isso para a minha vida profissional, um aspecto da minha vida que está bastante nebuloso no momento, já que já tive vontade de ser até astronauta. Gosto de muitas e não consigo decidir que rumo tomar . Espero que essa busca pelo auto-conhecimento me ajude a encontrar o rumo certo.

sábado, 28 de maio de 2011

ALICE E O CAMINHO DE VOLTA

Questionamentos no caminho de um diagnóstico.

"Como é difícil o caminho de volta !" Alice se pergunda enquanto caminha pelo País das  Maravilhas e tenta voltar para o lugar de onde veio.Mas voltar pra onde? Onde é o nosso lugar ? Pra onde deveríamos ir? Essa confusão na nossa cabeça é algum  reflexo de uma vida cada vez mais rápida e exigente ? Como é difícil ver o que estamos sentindo diante de tantas coisas que acontecem em nossa volta cada vez mais rápido!!! Não é exclusividade de um TDAH tudo isso que relatei e na verdade , nem exclusividade minha. Hoje , dia 28 de maio de 2011, estou mais confusa do que o que realmente possa dizer que é o meu normal. Estou um pouco cansada de minha perigrinação por respostas , mas é um cansaço até bom, é um cansaço muito diferente da inércia, é um cansaço produtivo. Embora eu tenha consciência de que todos nós passamos a vida em busca de respostas que nunca teremos , ou pelo menos que provavelmente serão mudadas ou que não serão de maneira alguma absolutas, a resposta que no momento procuro é o motivo desse blog: o que é o TDAH e se realmente o tenho. O TDAH na vida adulta é ainda uma coisa muito controversa e complexa , tenho procurado a ajuda de diversos especialistas que dentro de sua área se contrapõem uns com os outros e ainda tenho um TDAH interrogado. Mas não fique desapontado , se alguém por ventura , esteja acompanhando esse blog e tenha um diagnóstico fechado (acredito que vc já tenha passado por isso e possa me ajudar). Pois todo mundo tem um TDAHzinho dentro de si, o que , se for concluido que o não tenho em nível de transtorno, não desmerecerá em nenhum momento tudo o que escrevi aqui até agora em relação a você. 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O COELHO BRANCO E O TEMPO

O tempo tdah

Sigo um coelho branco que olha um relógio e corre apressado para algum lugar. O engraçado é que geralmene perco o tempo das coisas, dos horários , dos lugares. Nosso tempo é um pouco diferente dos outros pois entre o lugar que deveríamos ir ou a coisa que devemos fazer existe uma dimensão paralela que nos arrasta para outro mundo, o país das maravilhas. Tenho problema com atrasos, com o tempo de tarefas diárias , adio as coisas que deveria resolver. Tudo isso, e geralmente não temos consciência disso, tem a ver com fluxo de idéias e impulsos que nos rondam o tempo todo.É difícil administrar tudo isso, mas a conscientização é uma forma de ajudar a lidar com tantas limitações que os TDAH's tem. O controverso disso, é que ao mesmo tempo que o ponteiro do relógio anda correndo ao fazermos nossas tarefas diárias, sempre achando que dá pra fazer mais isso ou melhorar aquilo, temos intolerância ao horário dos outros. A difícil arte de esperar que alguém termine de fazer algo ou esperar o atraso de outro é um tempo ilimitadamente enorme , uma eternidade , que nos agustia e muita vezes nos irrita.

sábado, 7 de maio de 2011

EIS O PAÍS DAS MARAVILHAS

Um mundo diferente visto de perto
                Um diagnóstico de depressão e a sensação de fragilidade fez com que eu abandonasse a cortina de fumaça que envolvia meus sentimentos e demonstrasse mais às pessoas o que estava sentindo. Desde quando comecei a tomar antidepressivos, não podia mais esconder das pessoas com quem convivia o que estava acontecendo comigo, então assumi que estava com depressão a todo mundo. Geralmente as pessoas escondem com vergonha ou por não aceitarem a sua condição, e até confesso que foi muito corajoso de minha parte me expor daquela maneira. Mas como muitas religiões pregam talvez do meu sacrifício tenha vindo a minha redenção e foi a partir de uma conversa com o coelho branco que surgiu a suspeita de que eu tinha TDAH. Sempre me senti bastante inquieta, principalmente mentalmente, mas pelo fato de não apresentar uma hiperatividade física sempre descartei essa hipótese. Procurei fazer terapia, muito recomendado para quem apresenta um quadro depressivo e então informei a minha psicóloga sobre essa possibilidade e foi assim que começamos a investigar. Durante várias sessões, o chapeleiro maluco (talvez uma das poucas pessoas que me leva a sério) leu trechos de Mentes Inquietas, um best seller de Ana Beatriz B.Silva , para que ao mesmo tempo em que me informava sobre o transtorno também pudesse  analisar diante do meu histórico de trapalhadas um diagnóstico mais preciso, confrontando a minha realidade diante das características de um TDAH. Prontamente me identifiquei , como se finalmente tivesse encontrado meu lugar no mundo. Descobrir esse universo abriu as portas para que começasse a entender o que eu sempre senti, de onde vinha a confusão da minha cabeça, porque acontecia certas coisas justamente comigo. Também venho pesquisado muitas coisas na internet sobre o assunto, já que tenho a sensação que perdi muito tempo da minha vida sem diagnóstico, e o pior : sem um tratamento, sendo rotulada de várias coisas desagradáveis por algo que não conseguia nem dominar e nem entender. Assim , eu estou  procurando me informar sobre o assunto, me agarrando como uma desesperada na possibilidade de finalmente tentar entender porque sempre me achei um peixe fora d’água e quem sabe descobrir que no País das Maravilhas talvez exista um oceano onde finalmente possa nadar livremente, sem culpas, sem barreiras , sem estigmas.
Abaixo uma entrevista de Ana Beatriz B.Silva no progama sem censura onde a mesma fala sobre o TDAH.


sexta-feira, 6 de maio de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A ALICE ERRADA?


Estereótipos de TDAH

               Não sei quem vocês estão procurando mas até onde eu sei eu sou Alice, não preciso que ninguém me digam isso ou prove isso a mim. Fui muito questionada quando cheguei ao país das maravilhas se eu realmente seria a Alice certa pois a minha imagem era diferente das lembranças de seus habitantes. Eu tive um histórico de vida que eles desconhecem e agora eu sou adulta e elas me comparam a uma criança. Algumas pessoas têm uma idéia pré-estabelecida e equivocada sobre um tdah: pensam que todos eles são iguais e tentam encaixá-los em seus modelos imaginários. Acham que devem ser como aquele menino que corre em volta da casa sem parar, impossível de ser controlado , que sempre deixa um ventinho por onde passa, o estereótipo do Menino Maluquinho, personagem de Ziraldo. O que essas pessoas não pensam é que se ninguém é igual então porque pessoas que sofrem desse transtorno seriam ? Pelo que eu já li existem 3 tipos de tdah’s : o predominantemente desatento, o predominantemente hiperativo-impulsivo e o combinado, ou seja, apresenta a desatenção, hiperatividade-impulsão. Geralmente a maioria das mulheres apresenta o tipo predominantemente desatento e embora apresentem um certo grau de hiperatividade, não é o suficiente aos olhos de pessoas que se predem ao modelo estereotipado do menino maluquinho, sendo  mais difícil o seu diagnóstico. Inclusive até um tempo atrás , acreditava-se que o TDAH só existia em pessoas do sexo masculino. Foi o que aconteceu comigo, uma vez que , apesar de ser bastante impulsiva na minha infância , preferia mil vezes o meu mundinho secreto, vivendo as voltas no País das Maravilhas, onde poderia pintar rosas brancas com tinta vermelha e fugir de um exercito de cartas de baralho, o exército da Rainha Vermelha.  Assim, como todas as alices erradas recebi rótulos de mal-educada, preguiçosa, geniosa... ou perguntas do tipo : “você tem um cotoco(motorzinho) ?” , “ Porque você só estuda no final do ano?”, “Aonde você estava ? No mundo da Lua?”. Também tive bastante dificuldade na minha vida escolar, sempre passava nas provas finais pois só conseguia estudar sobre pressão. Quando criança , minha mãe era muito chamada à escola seja pelo meu comportamento impulsivo , seja pela minha desatenção e indisposição de fazer as tarefas que me eram propostas. Diziam as minhas professoras que eu era uma criança muito inteligente quando “queria” mas era bastante preguiçosa para estudar. Até eu mesma achava que deveria ser algum desvio de caráter porque sempre descumpria a mesma promessa que fazia a mim mesma no começo do ano : Vou estudar diariamente para não passar pelo sufoco do final do ano e organizar todos os meus cadernos. O que eu desconhecia é que a culpa não era minha e sim , de um coelho branco que corria pelo jardim apressado olhando para o relógio e fazia com que eu , ao ir atrás dele , caísse sempre no mesmo buraco.

domingo, 24 de abril de 2011

A AVASSALADORA PRIMAVERA

Os sentimentos a flôr da pele.
É estranho como frequentemente me acordo tão desprotegida. Me sinto tão carente , precisando que me abracem , que digam que me amam. Como se qualquer vento pudesse me levar embora em direção ao abismo e eu só pudesse me salvar pelo amor das pessoas. Volto a ter seis anos nessas horas, tão pequenina ou a procurar o abrigo quentinho do útero da minha mãe. Algo aflora em mim como a Primavera , rasgando por dentro , fazendo nascer as flores da minha sensibilidade , fazendo florescer as folhas que caíram no inverno. Mas não é  leveza que aparece nessa estação.É a dor do romper das folhas e flores nos galhos, suas feridas ardendo sob o sol tão microscópica que ninguém consegue ver nem sentir. Logo eu tão segura de mim (uma das minhas múltiplas personalidades) me vejo tão  avassaladora como a primavera. Muito leve e serena por fora mas dolorida pela mutação que a acompanha.Essa sensibilidade a flor da pele sempre acompanha um TDAH, a gente sente tanto tudo tão intensamente que poderíamos dizer que somos quase fenômenos da natureza : devastadores, sombrios , leves como uma brisa, controversos e quando realmente temos a chance de realizar alguma coisa , capazes de encantar o mundo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ALICE NO PAÍS DA BAGUNÇA

Bagunça : Uma característica bastante Tdah.
Bagunça. Essa é a minha palavra. Até me achava organizada há um tempo, mas me deparei com uma realidade muito curiosa a meu respeito. Acordo pela manhã, arrumo minha cama e me deparo com a bagunça da minha mesa... Nossa, não sei como consigo fazer isso sozinha. Deixo meu quarto organizado e saio pra trabalhar. No outro dia , faço a bagunça e começa tudo novamente...  No trabalho a mesma coisa. Uma vez reclamaram da minha bagunça, achei esquisito no momento, depois assumi pra mim mesma que isso era gritante quando comecei a observar o rastro de coisas que deixava por todos os lugares em que eu passava. Eu não me dava conta disso. Agora posso entender que tudo isso é conseqüência da minha hiperatividade, já que não consigo, ou pelo menos me esforço muito pra fazer uma coisa só. Vou fazendo algo, e muitas vezes antes de terminá-la já inicio outra coisa, ou quando acabo, antes que possa guardar as coisas que tirei do lugar para executar a tarefa, já vou fazendo a tarefa seguinte. Existe uma dificuldade do tdah de controlar seus impulsos, mas quando se o conhece é mais fácil de tentar contorná-lo e é o que tenho feito. O país das maravilhas  parece confuso, ainda bem que temos um gato sorridente que mesmo desaparecendo no ar, sempre nos indica um caminho que podemos seguir.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

ALICE ESTÁ SEMPRE GRANDE OU PEQUENA DEMAIS?

A difícil arte de se adaptar às mudanças.

Depois de seguir o coelho branco que seguia apressado olhando o relógio e cair num buraco enorme , vou parar numa sala cheia de portas e vejo uma chave na mesinha . Talvez essa chave possa abrir uma dessas portas... Tento sair mas a chave só abre uma das portas justamente a que é pequena demais para que eu possa passar por ela. Percebo que na mesa onde estão as chaves existe um frasco escrito : "beba-me". Penso que não há nada demais em bebe-lo pois é só mais um dos meus sonhos esquisitos. Após beber começo a encolher e fico bem pequena , e agora sim posso passar pela porta porém me dou conta que deixei a chave em cima daquela mesinha , e agora,  veja que atrapalhada , não alcanço mais a mesa pois estou pequena demais. Então encontro um doce escrito "coma-me" ... Será a solução ? Não custa nada tentar!!! Acertei na mosca ! Cresço tanto que posso até alcançar o teto.  Me abaixo , pego a chave e agora bebo mais um pouco daquele líquido que me faz encolher . É, depois de muitas tentativas deu certo, agora posso finalmente passar por aquela porta e sair dessa sala.Às vezes estou grande demais, às vezes minúscula. Nunca encontro o ponto exato nas mais diversas ocasiões. Sempre estou às voltas remoendo alguma besteira que disse, alguma coisa que errei por distração ou alguma coisa importante que teria que fazer. Nessas horas o meu perfeccionismo é o meu pior inimigo. Perco o tempo das coisas , muitas vezes, e quando me dou conta já passou . Isso com atitudes, palavras, deixo de fazer alguma coisa importante para alguém simplesmente porque não vi naquele momento que ela estava precisando, pois estava muito mais preocupada em não fazer besteira ou não piorar as coisas, e outras por estar distraída dentro de um balão, de uma nuvem, de um tapete alado... Já tive muitos problemas de relacionamento por conta disso. Por que elas entenderiam , se, às vezes , nem eu mesma entendo? Também tenho uma falta de noção espacial que chega a ser hilaria. Sempre estou esbarrando nas coisas, tropeçando, lenvando topadas (meus calçados que aguentam isso)... enfim , sinto-me como se eu tivesse três pernas e cinco braços, que mudam de forma e tamanho o tempo todo sem que eu tenha tempo de me adaptar a eles. Parece estranho para alguém que está de fora entender e enxergar quando isso acontece , quase sempre é estranho pra mim também mas hoje está sendo mais fácil porque sei que existem pessoas que sentem como eu , com todas as dificuldades de viver voando à mil por segundo, crescendo e diminuindo de tamanho por questões de horas. Sempre achei que havia algo diferente em mim, e acho que finalmente entendo o porquê. Juro que não preciso tomar líquidos nem comer doces que me dão ordens, não no mundo real .Quem me dera pudesse escolher o tamanho para cada ocasião, é por isso que o país das maravilhas muitas vezes parece bem melhor que o nosso.

terça-feira, 29 de março de 2011

A TEMPESTADE QUE ANTECEDE A DESCOBERTA

Quando descobri a possibilidade de ter TDAH

Viver sua vida dentro de você mesmo, dentro da sua cabeça. Sua abstração sempre parece muito mais profunda do que a dos outros. Às vezes penso que vivo num mundo paralelo onde as coisas que fazem sentido para mim, podem ser apenas uma grande tempestade dentro de uma pequena caixa de metal ou qualquer outro objeto opaco, onde as pessoas não conseguem medir a grande destruição do que está lá dentro. Foi assim que eu me descobri , depois de guardar várias tempestades dentro dessa caixa de metal. Algo se rompeu lá dentro e eu tive que fazer a seguinte escolha : Perder todo o conteúdo que estava nela e deixá-la vazia ou procurar saber de onde vinha essa tempestade . Durante muito tempo, me vi fazendo vista grossa para o que eu sentia, e perdi um pouco o conteúdo dessa caixa. Até quando chegou o dia em que não pude mais evitar sua essência ,  tive a primeira grande crise histérica da minha vida e comecei a me ver no meio de antidepressivos , psiquiatra, psicólogo e uma infinidade de palavras que sempre tentei evitar. Comecei a fazer terapia e tenho um diagnóstico de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e me identifico bastante com tudo que já li e ouvi sobre ele. Agora , pelo menos, tenho alguma direção em relação à tempestade , pois os portadores desse transtorno vivem numa montanha russa de sentimentos e pensamentos , e muitos deles guardam tudo isso dentro de uma caixa de metal apertada prestes a se romper.